Subidas, descidas, algumas quedas, mas muitas conquistas. A ciclista Flávia Oliveira é uma das maiores ciclistas brasileiras. Ela marcou a história do esporte nacional com medalhas inéditas nas Olimpíadas de 2016, em Paris e na Holanda. E continuou representando a nação no ciclismo feminino internacional. Você sabia? Inspire-se e melhore a cada dia como ela!

De onde veio tanto talento?

Irreverente e determinada, a carioca sempre teve gosto pelos esportes, mas não iniciou sua jornada na bicicleta. Flávia praticou natação quando jovem, junto com seu irmão, que é deficiente de suas duas pernas. A superação e a adaptação sempre estiveram em sua vida.
Por conta de uma tendinite nos ombros, aos 16 anos, migrou para o futebol. Recebeu uma bolsa de estudos na Universidade Estadual da Califórnia, em Fresno, nos Estados Unidos para estudar física. Começou a treinar e competir a meia maratona no atletismo e no triathlon em 2004.
Como começou no ciclismo?
Flávia iniciou no spinning e foi incentivada por uma loja de Mountain Bike, quando os funcionários emprestaram uma bike. Assim, venceu sua primeira corrida. Aos 27 anos, em 2005, conseguiu comprar sua primeira bicicleta.
Então, a super-mulher foi orientada pelo seu treinador, na época, para se dedicar a uma das três disciplinas esportivas. Hoje, aos 40 anos, Flávia é especialista no circuito de Estrada e é nossa principal atleta da modalidade.
Por que Flávia Oliveira é referência?

Flávia Oliveira é considerada a melhor ciclista olímpica brasileira da atualidade. Flávia Oliveira Paparella fez história no ciclismo de estrada brasileiro nas olimpíadas Rio 2016, sendo a primeira brasileira a disputar com as melhores do mundo. Ela ficou em 7o lugar, perdendo da campeã por menos de 30 segundos.
Ainda em 2013, competiu no Campeonato Mundial de Ciclismo em Estrada, em Florença e no Campeonato Mundial de Ciclismo em Estrada de 2014, em Ponferrada. No mesmo ano, finalizou em segundo lugar no Grand Pix Cycliste de Gatineau, disputando corrida de velocidade com dois homens. Em 2015, ela conquistou a classificação de melhor escaladora do Tour Itália e foi a 7a colocada na classificação geral.
Os prêmios são impressionantes. Venceu a mítica subida do Mont Ventoux, na França, levando o primeiro lugar na classificação geral da Tour Cycliste Féminin Internacional de l’Ardèche. Em 2017, foi uma das 10 primeiras na prova belga La Flèche Wallonne. Outro resultado admirável foi a 17ª colocação na clássica Amstel Gold Race, na Holanda. Também foi a Campeã Brasileira de Estrada em 2018 e venceu em 2022 a L’Ètape du Tour de France.
Os contratempos que marcaram sua resiliência
Determinação e força de vontade não faltam na sua receita de sucesso. Também em 2017, a atleta sofreu um acidente na Espanha,- com fraturas na pélvis, uma no sacro e nas vértebras L2 e L3. Em junho de 2020, teve outra contusão, mas nada fez com que ela desistisse de vencer.
Segundo sua entrevista para o canal BikeBlz, ela mesma diz: “o segredo é fazer sem pressão de ter resultado, isso é o que faz a diferença. Sou atleta, sou competitiva, mas a curiosidade é quem tem que te mover”, incentiva a ciclista.
Ela também afirmou a necessidade de haver mais respeito e igualdade no esporte. “Recebi 350$ euros depois de 10 dias de corrida, enquanto os homens recebiam 1500$, não fazia sentido”, relatou a ciclista, sobre a conquista da Camisa de Montanha no Giro Rosa em 2015.
Qual a rotina de treino e alimentação da campeã?

Desde 2020, Flávia Oliveira tem se dedicado ao Gravel Race, uma modalidade de ciclismo de cascalho. Diferente do equipamento utilizado para a Estrada, o modelo de bicicleta. Gravel reúne características de bikes de estrada e Mountain Bikes, para rodar bem em qualquer condição, seja asfalto, cascalho ou estrada de terra batida.
Na hora dos treinos ou na corrida, a alimentação da atleta depende da temperatura, já que ela sente mais dificuldade para comer sólidos. Ela diz que exige mais força e atenção 100% do tempo, o que dificulta a movimentação das mãos para beber água.
Nas pausas, ela usa água, isotônico com carboidrato tipo betafuel, por ser mais denso e mais calórico. No Gravel, a atleta afirma que você tem que optar porque quando leva menos coisa, ganha mais aerodinâmica. Mas resume nas dicas: “Nutrição, suas ferramentas e ser auto sufuciente”.
Seus acessórios preferidos são: uma bolsa para guidão na frente no “Top tool”, uma bolsa atrás e mais duas garrafinhas. Ela não usa câmera de ar, mas coloca mais CO2. “É sempre melhor ter extra do que não ter suficiente”, acredita.
Quando consegue comer, opta por açúcares simples e nutritivos como: haribol (um doce vegano de aveia, farinha de amendoim ou castanha do pará, uva passa, semente de gergelim, óleo de linhaça e açúcar mascavo).
Gravel Race: uma nova fase de corrida e aventura.

Movida a desafios, Flávia Oliveira encara a mudança de modalidade com motivação. “Hoje estou aprendendo tudo sobre pressão, pneu, a melhor escolha. Na Estrada, a gente estagna porque vira uma rotina e se acostuma. Agora é tudo novo. Cada curva, cada subida, paralelepípedo, vento pra cá, vento pra lá. Está sendo incrível. A gente só pode fazer uma coisa: tentar.”
Nova paixão da atleta, a Gravel Race não tem regras e abraça todo mundo que quer começar. “No início, parece uma prova de ciclocross. Mas cada corrida é individual e depende muito de quem está organizando. Geralmente é muito inclusivo e todos participam”, contou a atleta.
Entusiasta, ela explica: “É uma sensação descontraída, tem churrasco, tem cerveja, integração, e conversas sobre a prova.” Ela reitera que incentiva muito porque é competitivo, como a raíz do esporte, mas com a leveza da cumplicidade.
E agora? Mais história?
Flavia quer retribuir o apoio que recebeu no exterior e quer ver mais gente de várias cores disputando. “Quero poder ajudar a próxima geração!”, enfatiza a atleta. Sobre as próximas competições, Flávia não descarta a possibilidade de disputar a prova de Paris em 2024.
Inspiradora, certo? Algum palpite para as próximas pedaladas da nossa campeã?
5