Com o constante crescimento das cidades, as aglomerações, o crescente número de carros nas ruas e a poluição das indústrias, cada vez mais pessoas escolhem a bicicleta como meio de transporte para uma vida mais saudável. Mas isso gera necessidades e expõe problemáticas. E é assim que surge o cicloativismo.
Cicloativismo: o que é?
Nessa altura do jogo (ou da pedalada) não é surpresa que andar de bike traz inúmeros benefícios em várias áreas da vida humana. Tem um grande impacto positivo na saúde física e mental, é um meio de transporte não poluente e ajuda a descongestionar o trânsito.
É por isso, e por muitos outros motivos, que cada vez mais pessoas andam de bicicleta. Mas quem começa a pedalar rapidamente percebe que as cidades não estão devidamente preparadas para a circulação de um número cada vez maior de ciclistas. Além disso, a educação, a conscientização e o respeito das pessoas com os ciclistas deixam muito a desejar. Surge, então, o cicloativismo.
As propostas de cicloativismo são tanto necessárias quanto variadas, impossíveis de resumir em apenas um post, mas entre as principais, destacam-se as seguintes. Vamos conhecê-las?
Qualidade de vida nas cidades
O cicloativismo vai além dos ciclistas. Trata-se de melhorar a qualidade de vida de toda a cidade, utilizando meios de transporte não poluentes.
Mesmo que você não ande de bicicleta, o impacto de uma mudança nos hábitos de trânsito afeta a todos.
Consciência e educação
Apesar dos benefícios de adotar a bike como meio de transporte, muitos motoristas não veem o ciclismo de maneira favorável. Na verdade, muitas vezes são geradas situações violentas de agressão aos ciclistas.
A falta de consciência e educação gera falta de respeito contra reivindicações justas e propostas valiosas e necessárias.
Mortes de ciclistas
A consequência extrema do ponto anterior é algo difícil, mas que não deve ser silenciado. Estamos falando das mortes no trânsito.
Infelizmente, não é incomum ver notícias de ciclistas atropelados ou carros em alta velocidade no meio de protestos por, justamente, maior segurança no trânsito.
Ciclovias
Os cicloativistas percebem que todos os pontos acima poderiam ser amplamente contemplados e regulamentados com a construção de ciclovias nas grandes cidades.
Não é uma opção, uma despesa ou um luxo. É uma necessidade e demanda crescente para muitas pessoas que moram nas grandes cidades. É mais uma faceta da inclusão.
Ser ouvido pela administração pública
Embora muitas cidades tenham construído ciclovias e gradualmente estejam adotando políticas públicas que atendam às necessidades dos ciclistas, também é verdade que há um longo caminho a pedalar para garantir a segurança e o respeito que os ciclistas merecem.
Quando surgiu o cicloativismo?
É difícil precisar uma data exata, mas houve movimentos precursores que instalaram o cicloativismo na consciência coletiva e na mídia.
Um dos principais e mais conhecidos é o Critical Mass, conhecido no Brasil como “Massa Crítica”. Surgiu em 1992 em São Francisco, EUA, e hoje existe no mundo inteiro. Há cada vez mais participantes, e não apenas ciclistas, mas também skatistas, patinadores e pedestres.
A proposta é uma marcha massiva para gerar visibilidade na sociedade sobre o grande número de pessoas que adotam meios alternativos de transporte e exigem que suas necessidades sejam atendidas.
Podemos afirmar que este movimento de cicloativismo foi um dos primeiros e, mais importante, foi aquele que colocou a problemática no mapa. Atualmente continua crescendo e é um dos mais importantes no mundo.
Cicloativismo e sustentabilidade
O Cicloativismo e a sustentabilidade estão intrinsecamente conectados, destacando a bicicleta como um meio de transporte ecologicamente correto, capaz de impulsionar mudanças significativas para o meio ambiente. A relação entre o uso da bicicleta e a promoção da sustentabilidade é crucial para minimizar a pegada de carbono e fomentar a preservação ambiental.
A bicicleta é um veículo não poluente, não emite gases de efeito estufa durante seu uso, ao contrário dos veículos motorizados. Ao optar pela bicicleta como meio de locomoção, reduz-se drasticamente a emissão de poluentes atmosféricos, contribuindo diretamente para a melhoria da qualidade do ar e diminuindo o impacto negativo no aquecimento global.
Além disso, o cicloativismo incentiva a adoção de estilos de vida mais sustentáveis ao promover a diminuição do uso de veículos movidos a combustíveis fósseis. Isso resulta em uma redução direta na dependência de recursos não renováveis, como o petróleo, e consequentemente na diminuição da extração desses recursos.
As bicicletas também ocupam menos espaço do que os veículos motorizados, contribuindo para a redução do congestionamento urbano e para a otimização do espaço público. Isso pode levar a cidades mais humanizadas, com ruas mais seguras e agradáveis para pedestres e ciclistas.
Além de ser um meio de transporte sustentável, o cicloativismo também promove um estilo de vida saudável, incentivando a prática de exercícios físicos regulares e proporcionando benefícios para a saúde mental e física dos indivíduos.
Em resumo, o cicloativismo é uma importante ferramenta para impulsionar práticas sustentáveis, incentivando o uso da bicicleta como meio de transporte, e assim, contribuindo significativamente para a preservação do meio ambiente e para a construção de cidades mais sustentáveis e saudáveis.
Bicicletas e a inclusão social
O Cicloativismo desempenha um papel fundamental na promoção da inclusão social ao oferecer acessibilidade a meios de transporte para indivíduos de diferentes estratos sociais, independentemente de renda ou classe. Essa prática engloba a democratização do acesso à mobilidade urbana, trazendo benefícios significativos para comunidades diversas e proporcionando maior igualdade de oportunidades.
A bicicleta, como um meio de transporte acessível e econômico, desempenha um papel crucial na inclusão social. Ela permite que pessoas de diferentes camadas sociais tenham acesso a deslocamentos mais rápidos, econômicos e eficientes, reduzindo as barreiras de mobilidade enfrentadas por muitas comunidades.
Por meio do cicloativismo, programas e iniciativas são desenvolvidos para disponibilizar bicicletas a preços acessíveis ou até mesmo gratuitamente, permitindo que indivíduos de baixa renda ou em situação de vulnerabilidade tenham acesso a um meio de transporte eficaz e sustentável.
Além disso, a promoção de infraestrutura cicloviária, como ciclovias e rotas seguras para bicicletas, contribui para a inclusão social ao oferecer meios de deslocamento mais seguros e acessíveis para pessoas de todas as idades e condições sociais.
O cicloativismo também desempenha um papel crucial na conscientização sobre a importância da equidade no acesso aos meios de transporte. Ao destacar a bicicleta como uma alternativa viável e inclusiva, essa prática ajuda a reduzir as disparidades no acesso à mobilidade urbana, permitindo que mais pessoas se desloquem de forma independente e acessível.
Em resumo, o cicloativismo desempenha um papel fundamental na promoção da inclusão social ao oferecer acesso a meios de transporte acessíveis e sustentáveis para pessoas de diferentes estratos sociais. Ao democratizar a mobilidade urbana, essa prática contribui significativamente para a criação de comunidades mais igualitárias, onde todos têm a oportunidade de se deslocar de maneira eficiente e segura.
Cicloativismo e a educação para o trânsito
O cicloativismo desempenha um papel crucial na promoção da educação para o trânsito, incentivando programas que visam à coexistência harmoniosa entre motoristas, ciclistas e pedestres. Essa prática busca promover o respeito mútuo, a segurança e a conscientização no compartilhamento das vias públicas, contribuindo para a redução de conflitos e acidentes no trânsito.
Um dos pilares fundamentais do cicloativismo é a conscientização sobre a importância do respeito e da segurança no tráfego, não apenas para os ciclistas, mas para todos os usuários das vias urbanas. Ao promover ações educativas e campanhas de conscientização, o cicloativismo busca sensibilizar a população sobre a presença e os direitos dos ciclistas nas ruas, promovendo uma cultura de respeito mútuo e tolerância.
Essas iniciativas incluem programas de educação para o trânsito direcionados a crianças, jovens e adultos, abordando temas como regras de circulação, sinalização viária, compartilhamento de espaços e boas práticas no tráfego urbano. Além disso, o cicloativismo fomenta a criação de materiais educativos, palestras e eventos que buscam disseminar conhecimento e promover a segurança no convívio entre diferentes modais de transporte.
O diálogo e a interação entre os diversos atores do trânsito são incentivados pelo cicloativismo como forma de promover uma convivência pacífica e segura nas ruas. Isso envolve ações que visam sensibilizar tanto os motoristas quanto os ciclistas e pedestres sobre suas responsabilidades no tráfego, incentivando o respeito às normas de trânsito, o cuidado mútuo e a gentileza no compartilhamento das vias.
Ao promover uma educação para o trânsito mais inclusiva e consciente, o cicloativismo contribui significativamente para a construção de um ambiente viário mais seguro e pacífico. Essa prática busca transformar a cultura do trânsito, estimulando atitudes e comportamentos que promovam a convivência harmônica entre os diferentes modais de transporte, fortalecendo a ideia de que todos têm direito ao uso seguro e igualitário das vias públicas.
Cicloativismo e as políticas públicas
O cicloativismo desempenha um papel fundamental na influência e formulação de políticas públicas voltadas para a mobilidade urbana sustentável. Essa prática busca promover o diálogo contínuo com gestores e tomadores de decisão, visando implementar medidas que incentivem o uso da bicicleta como meio de transporte e contribuam para a construção de cidades mais inclusivas e sustentáveis.
Uma das principais contribuições do cicloativismo para as políticas públicas é a defesa de infraestruturas cicloviárias adequadas e seguras. Por meio de ações como campanhas, mobilizações e propostas diretas, os cicloativistas buscam influenciar as autoridades a implementar e ampliar redes de ciclovias, ciclofaixas e vias compartilhadas, garantindo espaços seguros e acessíveis para os ciclistas.
Além disso, o cicloativismo promove ações de advocacy e sensibilização, apresentando propostas concretas e embasadas para a melhoria das condições de mobilidade urbana. Isso inclui a participação em audiências públicas, debates, workshops e reuniões com representantes governamentais para discutir demandas, propor soluções e acompanhar a implementação de políticas cicloviárias.
A articulação entre os cicloativistas e os gestores públicos é fundamental para a criação de políticas inclusivas e eficazes. O diálogo constante permite que as demandas e necessidades dos ciclistas sejam ouvidas e consideradas na formulação de estratégias urbanas, visando à integração da bicicleta como um meio de transporte viável e seguro.
O cicloativismo também atua na sensibilização e conscientização dos gestores públicos sobre os benefícios da promoção do uso da bicicleta. Evidenciando aspectos como a redução da poluição, desafogamento do tráfego, melhoria na saúde pública e inclusão social, os cicloativistas buscam criar um ambiente favorável à implementação de políticas que incentivem o uso da bicicleta.
Dessa forma, o cicloativismo se apresenta como um agente de mudança e influência na formulação de políticas públicas, atuando de maneira proativa e colaborativa para promover cidades mais sustentáveis, inclusivas e amigáveis para todos os seus habitantes.
Cicloativismo no Brasil
Grandes cidades como Nova Iorque ou Copenhague estão adotando medidas para promover a circulação de bicicletas. Elas estão se tornando exemplos em todo o mundo. E, embora devagar, Brasil também faz sua parte.
São Paulo é a cidade com mais ciclovias no Brasil. Também é possível desfrutar de um passeio nas ciclovias do Rio de Janeiro ou fazer MTB na Estrada Real que vai desde Diamantina (MG) até Paraty (RJ).
O cicloativismo no Brasil tem uma longa trilha percorrida, mas ainda há muita pedalada pela frente. Existem vários grupos espalhados pelo país. Quer conhecer alguns? Siga conosco.
Massa Crítica
Já falamos que esse é um dos principais movimentos do mundo, e também existe no Brasil, onde acontece uma vez por mês em diversas cidades. Atualmente é possível encontrar informações mais específicas sobre as cidades que participam e as atividades desenvolvidas nas redes sociais.
Bicicletaria Cultural
Se você mora ou está de passo por Curitiba, e ama as bikes, não pode deixar de visitar esse lugar. Desde o ano 2011 oferece apoio, serviços e informações aos ciclistas.
Além disso, possui uma imperdível e variada agenda cultural. Possui alguns prêmios:
- 1º lugar do prêmio de Empreendedor social pela Aliança Empreendedora/São Paulo;
- 1º lugar no Prêmio pelo empreendimento que promove a mobilidade por bicicleta no país pela ONG Transporte Ativo/Rio de Janeiro;
- foi selecionada uma das 15 melhores ideias do mundo para co-habitar espaços urbanos no concurso internacional Smart Living Challenge, na Suécia.
Meninas no Pedal
Em 2014 nasce em Salvador esse movimento dedicado às mulheres ciclistas. O grupo oferece um espaço de acolhimento, segurança e identificação de mulheres que amam pedalar e enfrentam as mesmas dificuldades na prática. Ali é possível encontrar parceiras nessa rede de apoio.
La Frida Bike
Também em Salvador, essa é uma proposta semelhante à de Meninas do Pedal, com a diferença que é uma proposta pensada principalmente para mulheres negras. Primeiramente nasceu o projeto Preta Vem de Bike, que ensinava a pedalar a mulheres negras da periferia.
Existem muitas mais agrupações de cicloativismo. Pode até haver alguma na sua cidade ou você mesmo pode iniciar um projeto!
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E se conhece mais agrupações de cicloativismo, não hesite em deixar seu comentário no post. Assim aumentamos essa corrente do bem.,