Paira pelo universo do ciclismo e, na mente de seus praticantes, sempre uma dúvida: a coroa oval realmente funciona? Há quem diga que o uso não faz tanta diferença. Outros, apontam como uma preciosa ferramenta capaz de proporcionar uma pedalada forte, mais linear e menos cansativa.
De uma coisa temos certeza, a coroa oval não é uma unanimidade. São tantas as opiniões e dúvidas sobre o tema, que decidimos levantar um dossiê sobre as considerações positivas e negativas quanto ao uso do componente.
História e evolução do componente
Na década de 1980, a marca japonesa Shimano foi a responsável pelo sucesso da Biopace, uma coroa oval tripla que prometia superar a zona morta, reduzindo a geração de força e proporcionando uma cadência constante. Anos depois foram retiradas de circulação por conta das críticas ao produto, principalmente no que diz respeito ao risco da ausência de torque.
De lá para cá, a moda foi e voltou. Sempre se mantendo polêmicas, as coroas ovais se modificaram e, ao mesmo tempo, diversificaram suas estruturas. No mercado atual é possível encontrar marcas nacionais e internacionais nos mais diferentes tamanhos, cores e até formatos. A marca que atualmente mais se destaca é a Absolute Black, fundada no Reino Unido por um engenheiro polonês.
Ainda não existem estudos científicos decisivos sobre os benefícios do uso, mas ciclistas profissionais como os britânicos Chris Froome e Sir Bradley Wiggins usam e promovem a visibilidade da peça. Um dos mais experientes mecânicos de bicicleta do mundo, o falecido norteamericano Sheldon Brown, foi um dos entusiastas da coroa oval.
Coroa oval x tradicional: qual a diferença?
O procedimento que separa o funcionamento de uma coroa oval para uma tradicional é de simples entendimento. Como em qualquer engrenagem, é preciso que uma peça redonda faça uma rotação para gerar um movimento uniforme. Assim funciona uma coroa comum de bicicleta.
Já a coroa oval propõe um deslocamento diferente. A peça foi criada para transferir a velocidade e a força da coroa para a corrente. Assim, o objetivo é auxiliar um melhor desempenho muscular durante as diversas fases da prática ciclística.
O que a coroa oval faz na prática?
Para compreender é preciso olhar com exatidão a dinâmica da pedalada. O intuito principal de quem instala uma coroa oval na bicicleta é eliminar do movimento cíclico o chamado ponto morto. Esse momento neutro surge durante a pedalada, quando um pé empurra com força o pedal para baixo, fazendo com que o outro pé suba.
O movimento circular da pedalada depende de diferentes fatores e a estrutura física é um dos principais. Como o corpo humano não é totalmente assimétrico, é natural que exista esse ponto morto do movimento. A ideia da coroa oval é transformar a rotação em um movimento totalmente uniforme e sem paradas.
Com isso, o resultado esperado é um aumento de potência na performance final do praticante. Acontece que isso não é uma regra exata e a cadência perfeita não é garantida. Cada bike e sua modalidade vai responder de maneira diferente a adaptação com a nova peça, levando principalmente em consideração a história e a experiência de cada ciclista.
Pontos positivos e negativos da coroa oval
Antes de apresentar quais são as vantagens e desvantagens da coroa oval, vale pontuar que a percepção de ganhos é sempre muito individual e subjetiva. O que recomendamos é que o ciclista faça uso primeiro de peças com preços mais acessíveis. Depois que experimentar, gostar e se adaptar, aí sim é hora de investir em marcas melhores.
Coroa oval e suas principais vantagens
Confira alguns dos pontos positivos no uso constante da coroa oval na prática ciclística.
- Costuma gerar uma potência elevada durante um longo período. É preciso ser persistente para sentir a melhora.
- Geralmente ciclistas com estrutura física mais alta e pernas mais longas costumam perceber mais facilmente a vantagem do uso do componente. Isso, pois, naturalmente o corpo deste atleta já gera uma produção de força maior.
- Aumenta o desempenho e proporciona uma pedalada mais constante, em especial no momento máximo da fase de pico, quando o ponto morto é eliminado.
- Oferece um melhor alinhamento entre o quadril e o tornozelo, diminuindo as chances de sobrecarga na região. Além disso, auxilia a empurrar as marchas mais pesadas, suavizando o impacto e o desgaste das articulações do joelho.
Constantemente são produzidos artigos científicos que geralmente apresentam pequenas, porém existentes vantagens no uso. A parte positiva é que, quanto mais pessoas estiverem estudando o assunto, maiores são as chances de descobertas e aperfeiçoamentos do componente.
DESVANTAGENS RELEVANTES NO USO DA COROA OVAL
Avalie os pontos negativos mais significativos e decida se vale a pena arriscar.
- O uso da coroa oval não é recomendado para todos os tipos de ciclistas e sim para os experientes e com mais anos de treinamento. O ideal é que ela seja utilizada apenas quando o ciclista tenha atingido o seu potencial máximo, fazendo com que ele refine mais ainda o seu desempenho.
- Não são todos os ciclistas que conseguem se adaptar ao uso da coroa no formato ovalado, já que ela proporciona uma experiência particular muito diferente da redonda na hora da pedalada. É uma mudança motora significativa. Como o componente não oferece o intervalo entre os movimentos, a sensação pode causar um estranhamento. É preciso de tempo e muita prática para alcançar a confiança necessária.
- Em alguns casos é preciso fazer uma pequena alteração na altura certa do selim, para facilitar o trabalho muscular. O processo de modificação de alguns milímetros pode ser sentido durante os treinos e causar um desconforto. Por conta disso, o serviço de um bike fit sempre é recomendado.
- Alguns atletas individuais e equipes profissionais de ciclismo são patrocinados por empresas que fabricam esse tipo de componente. Muitos que são contrários ao uso da coroa oval creem que o uso e a divulgação do material por eles nada mais é do que uma ação de marketing, não correspondendo necessariamente a opinião técnica deles sobre o assunto.
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