Um dos ciclistas mais importantes das últimas década vai deixar o circuito profissional ao fim de 2022. O espanhol Alejandro Valverde Belmonte ficou famoso por sua garra dentro do pelotão nas estradas. Completo em seu estilo, com boa potência em sprints e ótimo escalador, melhorou seu desempenho com o passar dos anos. Sua regularidade no pelotão impressionava, tanto como gregário quanto capitão de equipe.
Em sua carreira esteve ao lado de grandes ciclistas e rivais de peso, além de colecionar diversas conquistas. Sua carreira teve diversos altos e baixos, com algumas sérias lesões decorrentes de quedas e um caso de doping. Por conta deste último, passou por uma suspensão de 2 anos, no famoso caso de doping sanguíneo relatado na Operação Porto.
Apesar desta mancha, Alejandro Valverde voltou a competir em grande nível após cumprir o banimento. A partir de então, o ciclista conquistou diversos títulos importantes de provas clássicas e de voltas mais curtas.
O Bala, venceu uma grande volta, La Vuelta em 2009 e chegou ao tão sonhado título mundial em 2018. Mesmo com 5 participações olímpicas, Valverde não conseguiu conquistar o ouro olímpico, com o 12º seu melhor resultado. Além disso tudo, tornou-se um dos ciclistas mais respeitados do pelotão e inspirou diversos atletas com suas performances e simpatia.
Começo da carreira de Alejandro Valverde
Alejandro Valverde Belmonte nasceu em 25 de abril de 1980, natural da cidade de Murcia na Espanha. Desde pequeno teve contato com o mundo do ciclismo, por conta da paixão pelo esporte de seu pai Juan. Tamanha era a paixão, ele deu de presidente uma bike para Alejandro, aos 6 anos, que logo começou a competir.
Entre seus 11 e 13 anos conquistou mais de 50 vitórias consecutivas, que lhe renderam o apelido de “El Imbatido”. Com isso, passou a integrar equipes amadoras até se profissionalizar em 2002. Pela equipe Kelme-Costra-Blanca debutou no ciclismo profissional e logo disputou sua primeira Vuelta a España no mesmo ano.
Porém, foi no ano seguinte que despontou para o ciclismo mundial, com resultados expressivos em competições importantes. Ficou em terceiro lugar na classificação geral da Vuelta, venceu duas etapas e venceu na classificação combinada. Como dono da camisa branca, mostrou sua regularidade na classificação geral, por pontos e em montanhas. Corou o grande ano com outras vitórias em etapas de pequenas voltas importantes e com o 2º lugar no mundial.
A consagração do Bala
A partir de então, sua carreira decolou no mesmo ritmo em que subia montanhas, com muita regularidade. Terminou a Vuelta de 2004 em quarto lugar, mas não teve boa participação nos Olímpiadas, onde era um dos favoritos.
Em 2005 entrou na equipe Illes Balears-Caisse d’Epargne, que hoje é a Movistar. Terminou a importante Paris-Nice na segunda colocação geral e venceu uma etapa do Tour de Fence em sua primeira participação. Liderava o Tour na categoria sub-23, mas acabou abandonando a volta.
Meses depois, ficou novamente em segundo lugar no Mundial, em uma prova em terreno plano, fora de sua especialidade. Mas, mostrou seu repertório e potência ficando atrás do sprinter belga, Tom Boonen.
Em 2006 teve um ano mágico, com mais vitórias em etapas de pequenas voltas. Mas, seus melhores resultados vieram em provas clássicas, ao vencer a Flèche Wallonne e a Liege-Bastogne-Liege. Além disso, terminou La Vuelta a España em segundo lugar na geral e em terceiro no Mundial. Isso lhe rendeu o primeiro lugar na UCI ProTour ganhando uma bicicleta dourada.
O ano seguinte não foi bom para Alejandro Valverde, com poucos resultados positivos e a acusação na Operação Porto. Com a ausência de provas, Valverde foi inocentado e pôde participar do Mundial. Também ficou em sexto lugar no Tour de France e segundo novamente no Campeonato Espanhol.
Em 2008 o Bala conseguiu vencer novamente a Liege-Bastogne-Liege e se sagrou campeão do Criterium Dauphiné. Ainda no ano, venceu pela primeira vez o Campeonato Espanhol e a clássica de San Sebastián. Terminou o ano pela segunda vez no topo da UCI ProTour, o embalando par o ano seguinte.
Durante a preparação para o Tour de France, foi acusado de participação em esquema de dopagem, na Operação Porto. Com isso, o Controle de Doping da Itália o suspendeu em seu território por dois anos, implicando a participação no Tour. Como o Tour passava pela Itália, Alejandro Valverde se dedicou a Vuelta onde foi o vencedor da classificação geral.
Momentos difíceis
Em 2010, a suspensão que valia em solo italiano foi estendida para todo o mundo pela UCI. Valverde tentou se defender e recorrer da decisão, mas acabou suspenso até 2012 e perdeu os títulos conquistou no começo de 2010.
Mesmo com essa mancha, o ciclista voltou a competir em alto nível e seguiu ganhando provas importantes. Mas, em 2017 sofreu uma queda no Tour de France que lhe rendeu uma fratura na rótula do joelho esquerdo. Assim, abandonou a temporada por causa da lesão e muitos achavam que sua carreira estava acabada.
Superações de Valverde
Antes de retomar a carreira por conta da grave lesão em 2017, voltou a competir após a suspensão em 2012. Ficou em segundo na Vuelta daquele ano e venceu a classificação combinada e por pontos. Em 2013 venceu a classificação por pontos e ficou em 3º na geral assim como em 2014, mantendo a posição.
Ainda em 2014, venceu novamente a Flèche Wallonne e conquistou o Espanhol de contrarrelógio. Em 2015, ficou em 3º na geral do Tour de France e ganhou novamente a Flèche Wallonne e a Liege-Bastogne-Liege. Foi novamente campeão espanhol de estrada e ganhou a classificação por pontos na Vuelta.
Nos dois anos seguintes, continuou a vencer a Flèche Wallonne, somando 4 vitórias em sequência da clássica. A Liege-Bastgne-Liege foi conquistada de novo em 2017, fechando suas vitórias nas clássicas mais famosas.
Em 2018 conquistou novamente a vitória por pontos na Vuelta, e sua maior vitória da carreira. A emocionante prova do mundial foi decidida com sua principal característica, uma forte arrancada no sprint final. Depois de bater na trave algumas vezes, finalmente conquistou o título mundial. Seus últimos bons resultados foram em 2019, com o segundo lugar geral da Vuelta e novo título espanhol de estrada.
Curiosidades
– Se não fosse a paixão de seu pai pelo ciclismo, Alejandro Valverde poderia ter seguido outra carreira. Ele afirma que seria caminhoneiro como seu pai se não fosse ciclista.
– Alejandro Valverde é um cara muito dedicado à sua família. Sempre encontrou tempo entre uma viajem e outra para curtir seus 5 filhos.
– É conhecido e se reconhece como uma pessoa humilde. Assim, se tornou uma grande referência para todos os competidores rivais e companheiros.
– Considera Alberto Contador como seu maior rival, o batendo na classificação geral de uma Vuelta e um Tour.
– É muito metódico em sua alimentação. Gosta de manter a mesma dieta regrada todo dia, que envolve arroz, para antes e depois das etapas e massas para o jantar. As proteínas são em geral de frango, peru e atum, e as vezes, vitela, mesmo ele não sendo sua preferida.
Aposentadoria
Aos 41 anos, Alejandro Valverde anunciou que deixaria de competir após a Vuelta de 2022. Para ele, não há mais por que esticar sua carreira. Em sua última temporada, decidiu não participar do Tour de France e se dedicou a ajudar seus companheiros na temporada. Bateu na trave na Flèche Wallonne ao terminar a prova que venceu 5 vezes em 2º lugar.
Sua última etapa oficial foi em 11 de setembro na última prova da Vuelta, com chega em Madrid. Valverde se despediu do ciclismo profissional ao lado de Vincenzo Níbali, outro multicampeão no ciclismo.
Conte-nos o que achou sobre a carreira de Alejandro Valverde nos comentários? Ele foi o ciclista mais regular de sua geração?