O ano era 1986. Em Tersnaus, um vilarejo da Suíça, nascia Nino Schurter. Filho de Ernst e Franzisca Schurter, aquela criança se tornaria um dos maiores ciclistas da atualidade.
Aos 17 anos, Schurter entrou para o Swisspower MTB Racing, equipe de mountain bike de Thomas Frischknecht. A modalidade escolhida foi o ciclismo cross country, um clássico do Mountain Bike.
Conhecido por se sair bem sob pressão – e até gostar disso – o suíço escolheu o cross country visando a superação e aventura da prática original. Além disso, essa é a única modalidade de MTB reconhecida como um esporte olímpico. Nessa competição, usa-se a sigla XCO
Seis anos se passaram e, em 2009, estreou na categoria elite da modalidade em Canberra, Austrália. Mais do que uma simples estreia, o atleta já começou a colocar seu nome na história: venceu o mundial e se tornou o ciclista mais jovem a conquistar esse título.
Porém, Schurter não começou sua trajetória vitoriosa naquele ano. Ele chegou em Canberra como o campeão mundial sub-23. Apesar disso, não havia nenhuma previsão de que ele já estrearia com título.
Imagem da capa: Reprodução Red Bull
A história com a bicicleta
Schurter já conquistou dez mundiais (2009, 2012, 2013, 2015, 2016, 2017, 2018, 2019, 2021, 2022). Os altos e baixos da carreira passam pelos títulos. Em 2012, o atleta afirmou ter feito a melhor temporada da vida até aquele momento, mas foi em 2015 que sua hegemonia na modalidade realmente começou.
Já em 2017, Nino Schurter teve uma temporada extremamente vitoriosa, conquistando todas as edições da Copa do Mundo e o Mundial, sem adversários que pudessem competir pelos títulos. No ano seguinte, conquistou o Mundial em casa, na Suíça, o que considerou muito especial.
Porém, 2019 veio com um concorrente à altura para complicar a hegemonia do suíço. Mathieu Van der Poel se destacava na temporada enquanto Schurter apresentava um péssimo início nas competições. Entretanto, o belga não participou da final do Mundial e o suíço trouxe o título para casa.
Vitórias discretas passaram pelo atleta nos dois anos seguintes. Até que, após uma corrida na qual ele apresentou uma estratégia impecável no mundial de 2021, Nino Schurter levou o nono título mundial.
Em 2022, aos 36 anos, Schurter participou de uma disputa excepcional e conquistou seu décimo título mundial. Do mesmo modo, se consagrou como o atleta mais novo e mais velho a usar a camisa arco-íris.
Além desses títulos, Nino Schurter já subiu no pódio das Olimpíadas três vezes: bronze em Pequim 2008, Prata em Londres 2012, e o tão aguardado ouro olímpico, que chegou no Rio em 2016. Assim, no último, atingiu o ápice da carreira com o Campeonato Mundial, a Copa do Mundo Geral e a medalha de ouro na Olimpíada, único título que faltava.
Rotina de treino
Entretanto, para chegar nessa história vitoriosa, Nino Schurter tem inúmeros diferenciais. O primeiro deles é sua técnica impecável de controle da bicicleta durante as competições.
Outra coisa é a disciplina. Isso é visível em seus treinos e na dieta. Em 2020, uma série com os treinos do ciclista, intitulado “Fitter, Faster, Strong”, foi publicado no Canal do YouTube da Scott (antiga Swisspower MTB Racing).
O treino é intenso e envolve mais do que apenas o contato com a bicicleta. Para fortalecer o corpo, o atleta vai regularmente à academia. Mas, é claro, também tem momentos de aprimorar a técnica do cross country tanto em ginásio quanto em trilhas.
Aqui, Nino Schurter também pratica o Treino Intervalado de Alta Intensidade (High Intensity Interval Training), em que intercala exercícios de alta e baixa intensidade enquanto anda de bicicleta. Para a recuperação, ele aposta em uma alimentação balanceada, massagem e yoga.
Além disso, desde 2021, o atleta busca seguir a dieta mediterrânea. Considerada por quatro anos seguidos a melhor dieta do mundo pelo News & World Report, se baseia no uso de alimentos típicos da região mediterrânea e na forma como estes são preparados.
Assim, é rica em frutas, vegetais, carnes brancas, massas, arroz, azeite, nozes e leguminosas comuns à essa área. Nino também consome laticínios, como iogurte.
Confira o documentário sobre o treino de Nino Schurter:
Schurter x Avancini
Em 2019, Nino Schurter e o brasileiro Henrique Avancini se envolveram em uma polêmica. Após a Cape Epic daquele ano, Avancini deu uma entrevista sobre insultos que o suíço proferiu para os competidores durante a prova. Os debates continuaram nos respectivos perfis do Instagram, mesmo depois de o brasileiro pedir desculpas pela forma como se referiu ao adversário.
Para Avancini, Schurter se coloca como um atleta perfeito e inalcançável. Em entrevista ao canal do YouTube Bike é Legal, ele relata que os conflitos em bastidores entre os dois são comuns devido a forma como o brasileiro se porta ao se declarar imperfeito e falho.
Avancini completa que o suíço é bom em moldar a prova para ele, gerenciando a prova com técnica e jogos mentais. Porém, os diferentes tipos de competidores atingem Schurter. Apesar de estar bem fisicamente, o desafio precisa ser a administração mental entre os adversários diversos.
Nino Schurter hoje
O ciclista, agora com 36 anos, permanece em alto nível. Em 2022, Schurter renovou com a Scott por mais dois anos. Isso porque seu objetivo é evidente: conquistar mais uma medalha de ouro olímpico em Paris 2024.
No final de julho deste ano, o suíço sofreu uma queda na sétima etapa da Copa do Mundo de MTB. Enquanto descia uma rampa, Nino Schurter caiu de cabeça e ficou desorientado por alguns minutos. Após ser retirado da pista e avaliado, o atleta declarou que estava bem e não havia quebrado nenhum osso.
Porém, a queda resultou em um capacete quebrado, fortes dores no ombro e costas e vários arranhões pelo corpo. Assim, não correu o XCO naquele fim de semana.
Outro ponto importante é a bicicleta utilizada por Schurter. O ciclista usa uma Scott Spark RC 900. O quadro de carbono tem tamanho médio e é muito leve. Também possui tecnologia de suspensão integrada, pivô flex e ângulo de cabeça ajustável. Os detalhes estão descritos no site de Nino Schurter.
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